Olá pessoal, tudo bem?
Eu gostaria de dar as boas-vindas para vocês ao nosso projeto do Instituto de Estudos em Economia, Sustentabilidade, Gestão e Analytics (IEESG), que surge do desejo de nós levarmos a todos vocês disciplinas com conteúdo de qualidade visando auxiliá-los na preparação para concursos públicos, além de outros desafios profissionais.
Eu devo lembram também que o blog do IEESG é um importante espaço para que os professores façam seus comentários sobre a preparação para os principais concursos públicos. Hoje eu vou comentar sobre a disciplina Microeconomia, que consta nos conteúdos programáticos dos principais concursos: Banco Central, Tesouro Nacional, Ministério do Planejamento e Orçamento, e Comissão de Valores Mobiliários.
O conteúdo programático de Microeconomia é muito abrangente, e eu vou explicar o porquê! A microeconomia é a base fundamental de todas as outras disciplinas do chamado mainstream da economia. A Microeconomia fornece o instrumental de análise que é empregado por todos os ramos do pensamento econômico, além de fornecer a base teórica para as disciplinas de economia aplicada, como Economia do Setor Público, Economia da Educação, Economia do Trabalho etc. Até mesmo a Macroeconomia, que em um passado não tão distante, apresentava-se como uma disciplina com pouco vínculo com a Microeconomia, atualmente vem cada vez mais buscando seus fundamentos microeconômicos. Um exemplo prático disso são os modelos de equilíbrio geral dinâmicos e estocásticos, isto é, os modelos DSGE.
O conteúdo programático de Microeconomia constante no edital desses concursos públicos se inicia em seu primeiro bloco com conceitos básicos de economia, como oferta e demanda de bens, elasticidades, formas de organização da atividade econômica, o papel dos preços, custo de oportunidade e fronteiras de possibilidades de produção.
Em seguida, o segundo bloco abrange a teoria do consumidor. É importante destacar que o alicerce de toda a teoria econômica é a hipótese de que os indivíduos fazem escolhas levando-se em consideração principalmente seus próprios interesses. Por essa razão, a Microeconomia é o ramo da ciência econômica que estuda a ligação entre os fundamentos comentados anteriormente e as decisões que geram a demanda, a oferta e os preços.
O terceiro bloco refere-se à teoria da firma, a qual abrange produção e custos. Na teoria das firmas, consta a explicação sobre como as empresas tomam decisões de minimização de custos e como esses custos variam com a produção. No nível mais fundamental, as empresas adquirem insumos e os transformam em produtos. Esse processo produtivo, transformar insumos em produtos, é a essência do que uma empresa faz.
Portanto, na Microeconomia, a economia é composta por unidades tomadores de decisão, isto é, os agentes econômicos, que são classificados em dois grandes grupos: (i) as firmas, que tomam decisões relativas à produção de bens e serviços; (ii) os consumidores, que tomam decisões concernentes ao consumo desses bens e serviços.
O quarto bloco refere-se ao estudo das estruturas de mercado. Essa estrutura varia de monopólio até a concorrência perfeita, e entre eles há estruturas que nós chamamos de concorrência imperfeita, que envolve desde oligopólio até a concorrência monopolística. O fim útil da empresa é o lucro, que nada mais é do que o quanto sobra da receita depois de descontados todos os custos.
O quinto bloco trata das falhas de mercado: informação assimétrica (seleção adversa e risco moral), externalidades e bens públicos. Assimetria de informação é um tipo de falha de mercado relacionada ao não fornecimento ou conhecimento de informações para que os consumidores decidam de modo racional.
Por sua vez, as externalidades ocorrem quando um agente melhora ou piora a situação de outro agente, porém sem assumir os benefícios (no caso da melhora) ou os custos (no caso da piora) de fazê-lo. Quando isso ocorre, os benefícios marginais sociais diferem dos benefícios marginais privados ou os custos marginais sociais diferem dos custos marginais privados. Nós dizemos que um mercado é eficiente quando o benefício marginal social, isso é, o benefício que a sociedade deriva da produção/consumo de mais uma unidade de um bem, se iguala ao custo marginal social, que é o custo para a sociedade de se produzir/consumir mais uma unidade do bem.
Por fim, bens públicos (ou bens públicos puros) são definidos como bens não-rivais e não excludentes. Mas o que significa dizer que um bem é excludente ou rival? Em primeiro lugar, as pessoas podem ser excluídas do uso de determinado bem, ou seja, alguns bens podem ser excluídos do consumo de quem não puder ou não quiser pagar por ele. A exclusão permite que o produtor de determinado bem privado possa ser pago sempre que um consumidor fizer uso dele. Isso é chamado de exclusibilidade. Acompanhe o exemplo: o sorvete ilustra o que é bem excludente, pois é possível impedir que uma pessoa o consuma, caso ela não esteja disposta a pagar o seu preço. Diversos bens poderiam ser citados, como as camisas, calças, aparelhos de TV, camas, geladeiras, computadores etc. Por outro lado, o uso de determinado bem por uma pessoa pode impedir outra pessoa de usá-lo. Trata-se do consumo rival, quando o consumo de um bem por uma pessoa reduz a disponibilidade do mesmo bem para outras pessoas.
O sexto bloco trata de equilíbrio geral, que determina simultaneamente preços e quantidades em todos os mercados. Em outras palavras, a teoria do equilíbrio geral estuda como as escolhas entre empresas e indivíduos se combinam para formar o mercado.
O sétimo bloco abrange teoria dos jogos e leilões. A Teoria dos Jogos é um ramo da matemática aplicada que estuda situações estratégicas onde jogadores escolhem diferentes ações na tentativa de melhorar seu ganho. Inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender comportamento econômico, a teoria dos jogos hoje é usada em diversos campos acadêmicos.
Por fim, a novidade dos atuais editais, em comparação com os editais de concursos anteriores, é a preseça da economia comportamental, a qual estuda os efeitos de fatores psicológicos, sociais, cognitivos, emocionais e de fatores econômicos nas decisões de indivíduos e instituições, além das consequências para os preços de mercado, retornos, e da alocação de recursos.
Um forte abraço a todos vocês, e até breve!